
Oiço o teclar de umas teclas bem diferentes das que toco.
São de um instrumento peculiar e melodioso que muito respeito, talvez por, infelizmente para mim, não o saber tocar.
Ao ouvir esse teclar fico de súbito inspirada pelos sons que dele provém.
Inspiram-me confiança, trazem-me conforto.
Sinto-me rodeada por uma nova melodia que me transcende que me é superior e à qual, no entanto, por muito estranho que me pareça, me é tão acessível.
Uma realidade utópica apodera-se da minha humilde presença neste universo e transforma tudo o que vejo.
Há uma nova luz, um novo brilho em cada objecto em que o meu olhar pousa.
Tento captar tudo numa sede infinita de saber. Aquela luz, aquele momento, aquele olhar, aquele som... tudo me prende, tudo me captiva.
Sinto-me preenchida e ao mesmo tempo tempo a sede é tanta que me perco na imensidão deste novo mundo.
Não sei se já tentaram contar as estrelas no céu? Se o fizeram, ou se o tentarem de futuro, verão que são uma imensidão.
Pois bem, este universo é bem mais imenso, tão imensamente imenso aliás que nem há palavras que o descrevam na sua plenitude.
É complexo e simples, é frio e quente, é doce e amargo... Todo o seu pressuposto parece construído numa série de antíteses e ainda assim sinto-me atraída por ele...
O teclar melodioso que me inspirou inicialmente parou, à pouco. Nem dei pelo seu fim. A melodia continua, contudo... tal como a minha sede... até ver...
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Não sei se para vocês fará muito sentido este texto... A inspiração tem destas coisas...
J.Buh***
[pic by João @ www.olhares.com/nevesman]